Há 110 anos nascia Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores cronistas e poetas da língua portuguesa. Futebol estava longe de ser o seu principal assunto. Mineiro de Itabira, adotou o Vasco por ter sido o primeiro clube a aceitar jogadores negros. Só acompanhava a seleção brasileira em Copas do Mundo. Mas quando escrevia sobre a bola, brilhava como um Pelé das letras. Nas Copas do Mundo, o torcedor bissexto Drummond mantinha ao lado um copo de uísque para aplacar a tensão. Os gols do Brasil lhe traziam sorrisos, elogios e alívio. Os gols sofridos, a distância do rádio ou da televisão até que a sorte mudasse. As vitórias eram curtidas da varanda, com a família, observando os vizinhos soltando fogos de artifício e pulando nas ruas enrolados às bandeiras. O futebol também era pano de fundo para críticas políticas. Como em 1962, quando Drummond propôs que toda a equipe bicampeã mundial substituísse o ministério de João Goulart – Nilton Santos para a Justiça, Didi para as Relações Ex